Paraíso Restrito é um documentário em longa-metragem que mostra como o poder público utiliza do pretexto de defesa do meio ambiente para realizar o processo de gentrificação.
Através de arquivos da imprensa, estudos ambientais, material produzido por moradores, dramatizações, comentários e entrevistas é contado a história de como um grupo de mulheres consegue enfrentar o poder público que utiliza todo seu aparato contra comunidades marginalizadas.
Direção e roteiro: Firmino de Almeida
Formato: Série
Gênero: Documentário
João Pessoa é conhecida por ser um ótimo lugar para morar, com sua riqueza natural e turismo. Isto posto, a prefeitura tem diversos projetos que pretendem valorizar estes atributos, mas para sua realização ela não raro abusa da força policial e de violência contra comunidades pobres.
Com o pretexto de que essas comunidades destroem área de preservação permanente, a prefeitura em uma de suas ações usou 600 homens, cavalaria, helicóptero e outros equipamentos para expulsar ainda durante a madrugada diversas famílias.
Porém crimes ambientais cometidos pelo empresariado e pelo Estado não recebem o mesmo tratamento, como é o caso do Hotel Tambaú, construído na areia da praia, ou o Shopping Manaíra, que está sobre o Rio Jaguaribe, ambos locais de preservação permanente.
Diante disso um grupo de mulheres do Porto do Capim, atual comunidade do local onde a cidade nasceu, se organiza para salvaguardar o patrimônio material e imaterial do lugar onde há 70 anos residem e resistem.
1.  DUAS CIDADES​​​​​​​
João Pessoa, que é considerada uma das melhores cidades para se morar, recorre à justiça para expulsar moradores.
A utilização da força bélica para desocupação faz parte da história da cidade em sua gênese. Em 1574 a coroa portuguesa trava um conflito contra os povos potiguaras onde obteve quatro derrotas, vindo a conseguir tomar o local apenas 10 anos depois usando canhões contra os povos originários.
Hoje o poder público utiliza de pretextos mais “nobres”, em nome da preservação da natureza se justifica a negação de direitos humanos, arrancando moradores de suas casas no escuro da madrugada, na cidade onde o sol nasce primeiro.
ENTREVISTADOS
- Historiador
- Empresário da construção civil
- Moradores de comunidades atingidas
- Agentes públicos ligados às desocupações
- Sociólogo
- Ativistas de alcance nacional (Ferrez, Boulos)
2. UM RIO, UM MAR
A ocupação de áreas de preservação permanente é condenável e passível de remoção se isso for realizado por comunidades pobres ou marginalizadas, caso seja realizado pelo próprio poder público e pela elite financeira a forma de atuação muda.
Hotel Tambaú, foi construído pelo governo do estado nos anos 60/70 com o aval da ditadura militar e depois vendido para a Varig, o hotel está localizado na areia da praia em área de preservação da Marinha, recentemente a prefeitura o transformou em “Utilidade Pública” e o objetivo era de desapropriar o prédio, mas ao invés de 600 homens e helicóptero chegando de surpresa às 3 horas da manhã a prefeitura iria indenizar os proprietários do prédio avaliado em 60 milhões de reais.
Manaíra Shopping, o principal shopping da cidade foi construído sobre o percurso natural do rio Jaguaribe, que é responsável por um terço do abastecimento de água da cidade. O shopping chegou a receber uma multa de 45 milhões de reais por danos ambientais, mas a multa foi retirada pelo TRF.
ENTREVISTADOS
- Ecólogo
- Diretor de Portos e Costas (Marinha)
- Moradores de comunidades ribeirinhas
- Ativistas (Ailton Krenak, Marina Silva, Sônia Guajajara)
- Fiscal ambiental (SUDEMA)
3. UM PORTO
Do mesmo solo onde os povos potiguaras lutaram pelas suas terras, surge um grupo de mulheres que fazem deste lugar um porto seguro e de resistência. Um lugar para salvaguardar o patrimônio material e imaterial do lugar onde há 70 anos residem e resistem.
ENTREVISTADOS
- Moradores da comunidade do Porto do Capim
O documentário é um drama com bastante inserção de material da imprensa, conteúdo gravado pelos moradores, dramatizações e comentários reflexivos sobre as imagens apresentadas.
Estudante do Curso de Comunicação em Mídias Digitais pela UFPB, co-fundou em 2018 a produtora Container, no mesmo ano produziu um pseudodocumentário “Gatomentário” em curta-metragem, uma comédia onde um ex-aluno de jornalismo investiga a relação de alunos jubilados com o aumento do número de gatos na UFPB.
Em 2020 teve o seu projeto aprovado pela LAB 1, onde dirigiu “Aratu”, curta-metragem que aborda a insegurança habitacional em João Pessoa com lendas do folclore brasileiro.
Atuou como diretor de fotografia em diversos curtas-metragens.
Após participar do curso intensivo de roteiro na Academia Internacional de Cinema se dedica à escrita de roteiros e elaboração de projetos audiovisuais.
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